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2013-11-02

A Canalha - Jorge de Sena

Como esta gente odeia, como espuma
por entre os dentes podres a sua baba
de tudo sujo nem sequer prazer!
Como se querem reles e mesquinhos,
piolhosos, fétidos e promíscuos
na sarna vergonhosa e pustulenta!
Como se rabialçam de importantes,
fingindo-se de vítimas, vestais,
piedosas prostitutas delicadas!
Como se querem torpes e venais
palhaços pagos da miséria rasca
de seus cafés, popós e brilhantinas!
Há que esmagar a DDT, penicilina
e pau pelos costados tal canalha
de coxos, vesgos, e ladrões e pulhas,
tratá-los como lixo de oito séculos
de um povo que merece melhor gente
para salvá-lo de si mesmo e de outrem.


Publicado na revista Hífen, Porto, nº 6, Fevereiro de 1991

in Dedicácias, Mécia de Sena, 1999. Três Sinais, editores

Jorge Cândido de Sena (n. em Lisboa a 2 Nov 1919; m. em Santa Bárbara, Califórnia a 4 Jun 1978)

Ler neste blog do mesmo autor:
Suma Teológica
Carta a meus filhos sobre os fusilamentos de Goya
Glosa À Chegada do Outono
O Corpo Não Espera
Génesis VI
Entre-Distância
Amo-te muito meu amor
Como queiras amor
Fidelidade
A diferença que há...
Rígidos seios de redondas, brancas...


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